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O EMERSON

Sou gremista de alma e de berço, filho de uma família que veste azul, preto e branco há gerações. Nasci em 1982 — ano em que Michael Jackson lançou Thriller, o Brasil perdeu Elis Regina, a Argentina invadiu as Ilhas Malvinas e Spielberg levou milhões às lágrimas com ET, o Extraterrestre. Um ano intenso, histórico… e, para mim, o mais especial de todos: o ano em que comecei minha própria história.

Sou fã de filmes e músicas dos anos 80 e 90, e sempre senti que nasci na década errada. Sou um homem de poucos, mas intensos amores. E, depois da minha família, o maior deles tem nome, cor e hino: o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense.

Nasci com a estrela de Campeão Brasileiro no peito e, pouco depois, fui presenteado com o mundo. Cresci respirando Grêmio — nas tardes de domingo diante da TV, nas transmissões emocionadas do rádio, nas arquibancadas do Olímpico e, mais recentemente, na moderna Arena. Sonhei vestir a camisa como jogador, mas a vida me escalou para outros campos.

Minha memória afetiva é povoada por ídolos que fizeram história: Ronaldinho (apesar de tudo), Danrlei, Emerson, Paulo Nunes e Jardel; mais tarde, a geração que nos devolveu a América com Luan, o Rei da América; Grohe, o paredão; Geromel e Kannemann, a muralha intransponível. E, acima de todos, o eterno Renato Portaluppi — o homem-gol, que marcou e ainda marca gerações.

No futebol, admiro a técnica e a habilidade, mas também vibro com a raça: carrinhos salvadores, cotoveladas discretas, gols feios… porque, no fim, o que importa é vencer.

Fora de campo, sou um homem apaixonado, e talvez o mais previsível do mundo: inseguro, ciumento, exagerado no carinho, às vezes sufocante. Um romântico à moda antiga, que leva ao cinema de mãos dadas e presenteia com flores.

Sou tímido — muito tímido —, fico vermelho com elogios e me atrapalho nas palavras diante da pessoa amada. E tenho um amor que supera todos os outros: minha filha Valentina. Penso nela em cada instante do dia e da noite. Se fosse possível, pensaria nela 24 horas sem descanso.

No resto, sou um cara comum: ainda acredito na humanidade, me divirto nas redes sociais, passo horas em videogames, abuso do chocolate e do fast-food, bebo Coca-Cola e café preto como se fossem combustível. Não faço exercícios — e sei que deveria. Ainda não fiz uma grande viagem, não vivi aventuras radicais, não guardei um segredo. Não tenho uma história épica para contar. Tenho 43 anos, não mais 13. Sou formado, tenho outros cursos, um emprego, uma companheira incrível, uma filha maravilhosa… e um punhado de sonhos que ainda esperam sua vez.

Não sei se estou no caminho certo. Mas sigo correndo atrás, sem esperar milagres. Espero apenas o dia em que poderei dizer, com a mesma emoção de um gol nos acréscimos, que sou plenamente feliz e, enfim, um homem realizado.

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